7.11.2015

DIVERTIDA MENTE

Divertida Mente.



Sinopse: Crescer é uma jornada turbulenta. Riley é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza. As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.


Aos que acompanham de perto todos os lançamentos e desenvolvimentos de inovadoras e provocantes histórias que a Pixar promove há anos, sabe o quanto que esse símbolo P-I-X-A-R já se tornou sinônimo de encanto. Esta empresa trabalha em prol de contar histórias munidas de uma qualidade inquestionável. Qualidade esta que salta diretamente da tela quando somos convocados a ir ao cinema para prestigiar tal encanto. Cada vez que assistimos um filme Pixar, nos tornamos ilustres testemunhas de um espetáculo recheado de magia, reflexão e originalidade.

Com Divertida Mente não é diferente. Nesta história, a Pixar introduz uma execução bastante complexa e, como desenvolvimento de história, nos traz uma plot bem simplória. É a história de uma garotinha que precisa lidar com as emoções que as mudanças impõem. Originalmente o título desta animação se chama Inside out, que, literalmente, seria traduzido por "De dentro pra fora...". Porém, de 'Dentro para fora de onde?', talvez alguém pergunte. E com toda a razão esta pergunta deve ser feita. De dentro para fora, primeiramente, de algum lugar desconhecido ao sujeito. Esse movimento de dentro para fora é um movimento realmente importante e vital para o embasamento de nossas estruturas como seres viventes e, consequentemente, para a construção de qualquer coisa existente neste universo. A dinâmica existente em de 'Dentro para fora' é formulada por um ciclo constante acerca da eterna dialética entre: Consciente/Inconsciente; Continuidade/Descontinuidade; Quente/Frio; Deus/Diabo; Sol/Lua; Côncavo/Convexo; Macho/Fêmea; Diástole/Sístole; Corpo/Alma; Direita/Esquerda; Introdução/Exclusão. Esse caminhar contínuo, essa movimentação constante e repleta do calor da emoção, é o fator gerador de energia que nos impulsiona de 'Dentro para fora' (Energia - do grego έν dentro, εργον trabalho, obra, dentro do trabalho).

Bem, estamos diante de um caminhar solitário e, igualmente, de uma jornada esclarecedora de significados e experiências na qual uma garotinha é convocada a passar. A trama desta história girará em torno de uma garotinha tentando de todas as maneiras que tem conhecimento de lidar com diversas emoções que lhes são desconhecidas. Emoções novas, recentes e desconhecidas. Esta é uma árdua e complexa tarefa: “Ter de lidar com o desconhecido que vela colado a ti, submerso em sua existência que, ininterruptamente, lhe relembra que suas emoções existem e querem uma resposta atualizada a cada instante”. Mas estamos nos referindo a uma árdua e complexa tarefa onde, na qual, todos nós fomos, somos e, continuamente, seremos compelidos a ter de superar. Afinal, superar grandiosos obstáculos – sejam eles quais forem, ou de que natureza particular energizem-se – é o que todos nós podemos, devemos e necessitamos em ir de encontro, combatendo-os, com forças que, ainda nos são desconhecidas. Porém, somos perfeitamente capazes de dominá-las, através de uma autonomia sobre a vontade. Para que não aconteça de sermos dominados por elas. 

As emoções trabalhadas neste filme são unicamente 5 (Alegria, Medo, Raiva, Nojo e Tristeza). São emoções de fácil identificação a todos. Claramente, não podemos entender que essas emoções recebem uma importância maior só porque foram postas em evidência. A realidade é que não existem emoções melhores. Existem mesmo são emoções que são suficientemente capazes de transmitirem, através de nós, a realidade expressada no momento.

ALEGRIA.



A Alegria (Joy), em contrária oposição as demais emoções, normalmente, toma conta da situação na infância. É claro que isso não é uma unanimidade, já que todos somos cientes quanto a exemplos multivariados de casos onde a infância definhou-se em uma tristeza concentrada. Ou em medos contínuos e desfavoráveis que estagnaram uma pessoa por inteira. Ou por nojos que fazem da criança um ser insuportavelmente controversa, que é a famosa: "Criança onde tudo é do contra". Porém, as doses de Alegria estão em todas as partes. Em muitos lugares. É complicada a empreitada e, consequentemente, exaustante e dificílima tarefa de você encontrar uma criança que seja legitimamente órfã da Alegria. Não existe tal criança. (Será isso realmente verdade?). Riley era uma criança comandada pela Alegria, isto é: até certo ponto isso consolidou como verdade. A Alegria imperava porque ela era uma razão de ser irresistivelmente inevitável. Sendo honesto e realista, a afirmação de que a Alegria é um objetivo a ser alcançado é até mesmo uma redundância. Entretanto, essa minha afirmação da Alegria como desígnio, é um ponto de vista dentre vários que poderia citar. A Alegria existe. A Alegria é real. Porém, seria a Alegria o motivo unilateral da satisfação e do bem estar? Ou estaria a Alegria envolta de outras emoções tão proporcionalmente importantes quanto ela? Seria a Alegria a união (conjunto) das demais emoções já citadas, ou seria a Alegria um sentimento isolado que precisaria ser apreciado independentemente de sua compreensão? Mas todos bem sabemos o quanto que a Alegria empolga. O quanto que ela nos direciona a lugares de satisfação. Sem o prazer resultante da Alegria de um dia perfeito, o que seríamos de nós se fôssemos desprovidos de tamanha dádiva de Deus?

MEDO.



O que o Medo (Fear) gostaria de nos comunicar dentro de um momento de aflita tensão? Será que o Medo gostaria de nos comunicar que devemos ser mais zelosos nos nossos relacionamentos referentes ao próximo? Ou que devemos ser confiantes nas nossas convicções num entrechoque com um adversário? Ou que devemos ser mais confiáveis uns aos outros? O que o Medo tanto nos comunica em sua expressão, verbal ou não-verbal, que prefiramos evitá-lo em suas mais terríveis situações, quando este é, inevitavelmente, disparado pelos motivos mais aleatórios? Bem, gostaria de dizer que o Medo nos tornam mais fracos. Mas isso não é verdade. Se o Medo nos tornassem mais fracos, e a coragem nos tornassem mais corajosos, a lógica do ato seria unânime. Porém, sabemos que a lógica do ato nunca será unânime. No universo em que vivemos, os fracos tem vez sim. E os fortes, na grande maioria das vezes, se perdem frente aos obstáculos impostos. Ser fraco não é um mérito, assim como ser forte não é uma dádiva. O Medo nos faz temer pela escolha sobre se o caminho escolhido é o melhor caminho a ser seguido. O Medo nos faz dar meia volta e reconsiderar, reflexivamente, os nossos passos dados até então. O que nos impulsiona a frente. O Medo transforma as incertezas que temos, em relação a realidade, em sólidas convicções que nos obrigam a perceber esta realidade em que vivemos com uma tonalidade de esmero revestida com uma maior e mais prolongada seriedade.

RAIVA.



Raiva (Angeré uma emoção impulsiva. Logicamente, também, ela é explosiva. Ela é tão, mas, tão distorcida por muitos que fica muito difícil detê-la, quando esta, de fato, decide se expressar. A ignorância de ignorá-la é tão ignorante que, proporcionalmente, o ato de ignorá-la, alimentará, ainda mais e mais, a ironia de transformá-la em um objeto de apropriação. Ou seja, quanto maior for o desconhecimento sobre a Raiva, maior será a coadunação desta. Porém, em níveis desconhecidos pelo próprio sujeito, à Raiva se expressa de maneira, ora individual, ora coletiva, ora visível, ora invisível. A Raiva não faz jus a sua qualificação a toa. A Raiva introduz paulatinamente as suas intenções iracundas e, por conseguinte, alarga até não poder mais seu nível de capacitação. A Raiva é, de fato, destrutiva, e faz questão em ser. Sem a Raiva, por exemplo, representada pela febre de uma doença, não seríamos capazes de identificar que estamos com virose. Sem a Raiva não conseguiríamos expressar autenticamente nossa insatisfação. A Raiva aponta em direção ao problema, deixando-o, claramente (às vezes isso ocorre a longuíssimo prazo), visível aos observadores. A Raiva introduz elementos novos a situação: O Descontrole, Desconforto, Insatisfação. Sem esses elementos novos, que se expressam através de nós, não poderíamos identificar em alguns momentos de nossas vidas a falta do excesso ou a falta em si, ou também, o excesso da falta ou o excesso em si. A Raiva extrapola. As vezes, precisamos desse extrapolamento.

NOJINHO.



Gostaria de dizer que o Nojo (Disgustingé um mal disfarçado, porém, que mal seria esse que por seu nome chamá-lo-ia numa definitiva classificação? Não observo o Nojo como um mal que nos faça sermos diluídos e constrangidos nessa imensidão que se chama experiência de vida. O Nojo nos faz termos uma rejeição direta e, em alguns casos, absoluta. Essa rejeição possui subcategorias que nos ensinam a desejar com uma maior veemência a oposição. Tudo isso gera conhecimentos ao indivíduo. Tudo isso corrobora inevitavelmente na aceitação da experiência em si e a tudo que ela, substancialmente, manifeste. O Nojo nos ensina a ter uma percepção mais aguçada e aprimorada da realidade. Não da realidade como ela é. Mas sim da realidade particular do indivíduo. Nós não precisamos do Nojo quando lhes chamamos por seu nome. O Nojo não é facilmente convocado a entrar em ativação. O Nojo é um consequente de uma situação desconhecida pelo sujeito. Sem o Nojo, nós não seríamos pessoas capazes de reintegrar-nos. O Nojo tem o dom de rejeitar tudo àquilo que desconhecer. Mas, essa rejeição passará, inevitavelmente, por um processo de lembranças negativas que confirmem que a sua atitude de Nojo está pautada em algum fundamento. Sem o Nojo, nós seríamos pessoas sem critérios fidedignos. Sem o Nojo, estaríamos impossibilitados de diferenciar certeiramente o Concreto do Abstrato. Precisamos do Nojo para sobreviver numa sociedade que insiste em promover o mau gosto como uma nova tendência.

TRISTEZA.



A Tristeza (Sadness), como é de costume, veio por última. E não é sem sentido e, nem mesmo, sem recorrência, que isso acontece. Olha só o que houve: "Ela não foi ouvida e o seu coro alto e suficientemente puro na condução sonora não foram capazes de atingirem ouvidos lúcidos". Quem diria, hein?! A Tristeza não é unicamente um ponto difícil de lidar ou assimilar. Todos nós sabemos que é difícil falar sobre isso. Ela é um ponto que é ignorado por conta de sua insuficiência adaptativa. Normalmente, ela só serve como exemplificação contrária ou negativa de uma experiência frustrante e desprovida de aprendizados. Ou, também, como um resultado conflitante de um mau exemplo que foi mal conduzido. Quanto mais ignoramos, mais surpreendentemente é a retaliação que recebemos. A Tristeza é uma emoção que te conduz a produção de um novo olhar autêntico sobre a situação em que está passando. Este toque de produção eleva-te a um patamar de reconhecer a Tristeza como impulsionadora de bonança. Um elo que se for reconhecido e assimilado pelo indivíduo, fará deste um ser mais completo. A Tristeza não é desmérito nenhum. Sem ela jamais iríamos desfazer nossos erros e reconciliar-se com nossos amigos. A Tristeza convive conosco o tempo inteiro. Ela quer, mais do que nunca, ser ouvida para, portanto, ser compreendida. Ela quer tomar conta da situação para que através deste ato de fusão (Alegria e Tristeza), nós sejamos capazes de unir duas forças diametralmente opostas que se digladiam em função de uma tensão energética. Essas duas Forças-Sentimentos-Emoções-Energias, contemplam dias melhores. Que sejamos capazes de reconhecê-las!

RENDENDO-SE A UM ESTILO DE CONTAR HISTÓRIAS.





Eu já ouvi diversas vezes essa seguinte expressão: "Oba, a Pixar acertou na veia desta vez!", ou "A Pixar acertou de vez". Mas, eu hoje fico me perguntando: "Por que ela acertou, e de que forma isso ocorreu, e onde foi que ela acertou?" Quem é que pode dizer que ela, de fato, acertou no lugar certo? Se é que existe um lugar certo esperando para ser acertado. Parece que existe um objetivo definido a ser alcançado de antemão quando é dito que alguém acertou em cheio em algo. Ou, talvez, exista uma intenção aparentemente segura em direção a uma meta. Que meta seria essa onde, na qual, eu poderia afirmar que ela foi definitivamente alcançada? Se existe uma Intenção-Meta-Objetivo-Finalidade, portanto, existe um Alvo ou Desígnio. 


QUAL É O ALVO?



Existem milhares de maneiras diferentes de responder essa pergunta. Todos possuem uma resposta para si mais adequada que a minha sobre o outro. Primeiro, dentro do contexto proposto até agora, poderíamos respondê-la de uma maneira objetiva e dizer que o Alvo é a Alegria e todos os momentos de pura felicidade que só existem na presença dela. Ao responder de tal maneira, estaria eu numa posição na qual não estaria mentindo, porém, não estaria sendo completo e prestativo na resposta. Será que o Alvo seria ter de passar por todas essas emoções aprendendo, individualmente, de cada o que cada uma, deliberadamente, nos oferece? Ou, o Alvo seria o de priorizar todos esses aprendizados e, pacientemente, procurar propagá-los amorosamente ao próximo? E, por fim, eu pergunto: O Alvo, em sua Totalidade, reside em qual lugar? Seria a localização do Alvo em inside (dentro) do indivíduo, ou seria a localização do Alvo em out (fora) do indivíduo? 

3 comentários:

  1. O filme foca mais na Alegria e na Tristeza, deixando as outras (Medo, Raiva e Nojinho) mais a parte, mas é incrível perceber como todas as emoções são importantes para formar nossa personalidade (ou as ilhas da personalidade).
    É interessante notar também que, no filme, eles mostram que a gente não tem apenas uma personalidade, mas várias, que usamos dependendo de cada situação que nos encontramos.

    Muito legal, hehe, adorei! :D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso mesmo! Acho que para quem já estudava psicologia esse filme tem uma importância maior! O interessante mesmo é que o filme não acabou e nunca vai acabar. E o mágico é isso. Uma história feita para ser, eternamente, contada e recontada (:

      Excluir
  2. Concordo com vocês! O filme é divinamente incrível.Ele vem mostrar a importância das emoções e como elas se manifestam em determinada situação. Ele ressalta também os conflitos que existe entre as emoções. Adorei o filme! :)

    ResponderExcluir